CFO As A Service: um novo papel para as Organizações Contábeis

Por Wilson Gimenez Junior

Fundador e CEO da Datamétodo Gestão Contábil, contador, administrador de empresas, pós graduado em controladoria, palestrante e articulista

 Publicado em 03/05/2019

Acompanhe o Boletim:

As organizações contábeis sempre desempenharam um papel imprescindível na vida das empresas, sobretudo daquelas de micro e pequeno porte. A responsabilidade técnica pelas áreas contábil, tributária, departamento pessoal e paralegal são os carros chefes nos portfólios de .serviços dessas organizações, e são demandados maciçamente pelas MPEs, que veem na terceirização dessas atividades grandes vantagens do ponto de vista prático e financeiro, uma vez que poupam tempo (e dinheiro) dos empreendedores, para que estes se dediquem ao seu “Core Business”. Boas organizações contábeis propiciam aos seus clientes escriturações contábil e fiscal de excelência, bem como a apuração dos tributos e todas as rotinas de departamento pessoal com exatidão, evitando dissabores com o fisco e ainda trazendo ganhos para os clientes ao recomendarem o regime tributário mais vantajoso, através de um Planejamento Tributário responsável.

Porém, tais atividades curam somente uma parte da dor dessas empresas, pois o escopo destes trabalhos não abrange um efetivo auxílio na gestão dos negócios. Muitos empreendedores são muito bons naquilo que fazem, mas não tão bons assim como gestores, o que acaba levando essas empresas ao caos financeiro, sujeitando seus negócios aos juros escorchantes exigidos pelas instituições financeiras, dando início a um processo de definhamento que terminará com a sua morte.


Por que as Micro e Pequenas Empresas Fracassam?

Segundo pesquisa realizada pelo SEBRAE Nacional, entre 2008 e 2012 a taxa de sobrevivência das MPEs com até 2 anos de existência (excluindo o Micro Empreendedor Individual) saltou de 54,07% para 58,4%. Embora tenha ocorrido um ligeiro progresso, ainda é preocupante o universo dos empreendimentos que fracassam, pois significa que mais de ⅖ das empresas fecham as suas portas nos primeiros 2 anos de atividade, conforme demonstrado no gráfico abaixo:

Fonte: SEBRAE

No âmbito internacional não há muitas pesquisas sobre a taxa de sobrevivência de MPEs, mas há dois estudos interessantes. O primeiro deles foi realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) em 2016. Contudo, embora essa análise tenha a mesma premissa de avaliar MPEs com até 2 anos de existência, o estudo restringiu-se às MPEs empregadoras, ao contrário do SEBRAE Nacional que considerou todas as MPEs. Essa pesquisa revelou que a taxa de sobrevivência das MPEs norte americanas é de 77,4%, ou seja, bem superior a nossa de 58,4%, conforme demonstra o gráfico abaixo:

Fonte: OECD (2016)

A segunda pesquisa internacional encontrada sobre o assunto é mais recente e foi promovida pela Business Administration’s Office of Advocacy, que identificou números mais animadores do que os da OECD e do SEBRAE. Porém, partiu de premissas diferentes, uma vez que a análise foi feita em MPEs divididas entre aquelas com 1, 5 e 10 anos de atividade. Esse estudo constatou que 79,9% das MPEs americanas constituídas em 2015 continuavam a operar normalmente após o final do seu primeiro ano de atividade. Contudo, seguindo a linha do tempo, apenas 51% estavam na ativa após o 5º ano, e tão-somente 33% ainda sobreviviam após o 10º ano de existência, conforme demonstra o gráfico abaixo:

Fonte: Business Administration’s Office of Advocacy

Assim, embora ocorram oscilações nos indicadores apresentados, bem como diferentes parâmetros de comparabilidade, todas as pesquisas são unânimes ao apontarem as principais causas da mortalidade das pequenas empresas, pois tanto no Brasil como nos USA, os motivos que levam os pequenos negócios ao fracasso são essencialmente a ausência ou precariedade de planejamento e a má gestão dos negócios, cujos fatores corroem, arruínam e comprometem a longevidade das empresas.

Dessa forma, se faltam às MPEs os recursos, as habilidades e os instrumentos necessários para a execução de um bom planejamento e gestão que conduza os negócios à prosperidade, essas empresas devem buscar auxílio de quem possa suprir tais deficiências a um custo acessível e compatível com a sua realidade. Nesse sentido, ninguém mais oportuno, qualificado e já provido de todas as informações necessárias do que a própria organização contábil já contratada para executar os serviços de contabilidade, cuja importância é crucial para prover valiosos dados a serem utilizados por um bom sistema de gestão comandado pelo próprio contador dessas empresas.


O Contador como Consultor

Photo by  85Fifteen  on Unsplash

O valor que a contabilidade propicia aos dirigentes de qualquer empreendimento é imensurável. Uma contabilidade bem feita fornece a matéria prima necessária para a construção de indicadores de performance e métricas que contribuirão de forma decisiva para o processo de tomada de decisão e a promoção de estratégias de melhoria, auxiliando a empresa a prosperar os seus negócios e/ou evitar que esta entre em colapso súbito por falta de ações preventivas de gestão.

Todo esse serviço consultivo de suporte a gestão da MPE pode ser protagonizado pela própria organização contábil que a assessora. Veja qual é a visão do escritor, consultor financeiro, professor, palestrante e administrador Gustavo Cerbasi sobre o papel de um bom contador:

https://youtu.be/iYma9_gpEUQ

Ao delegar essas tarefas consultivas a uma organização contábil competente, os empreendedores ganharão as aptidões necessárias para conduzirem o seu negócio com maestria, tomando decisões mais assertivas, embasadas por subsídios confiáveis e consistentes, de modo a evitar que sua empresa passe por momentos de turbulências decorrentes de ações impensadas e/ou inércia.

Além de oferecerem os serviços habituais, as organizações contábeis alinhadas com as mudanças e preocupadas com as necessidades dos seus clientes podem prover serviços como BPO (Business Process Outsourcing) Financeiro, Planejamento Estratégico e Tributário, Controle Orçamentário e de Fluxo de Caixa entre outros, suprindo e lacuna que faltava no rol dos serviços consultivos.

Num mundo onde o mercado está cada vez mais competitivo, desafiador e agressivo, o empreendedor precisa se reinventar a cada dia, e, para tanto, é imprescindível ter ao seu lado uma organização contábil parceira capaz de também contribuir no exercício de uma gestão austera, consciente e moderna, o que certamente irá proporcionar o crescimento e a continuidade da empresa.

Logo, a organização contábil sintonizada com essa demanda latente e emergente dos seus clientes vislumbrará uma excelente oportunidade de negócio, não só assumindo a responsabilidade pelas áreas contábil, fiscal, departamento pessoal e paralegal, mas também o papel de CFO (Chefe Financial Officer) As A Service dos seus contratantes, o que agregará muito valor aos negócios dos seus clientes, sobretudo nas arenas estratégica e tática das empresas.

CFO As A Service: um novo papel para as Organizações Contábeis